4 11 2015

Um fato que ninguém pode negar é que a nossa vida é curta. Um dia estamos bem, no outro, sabe-se lá se ainda estaremos vivos. E o que podemos fazer para conseguirmos aproveitar a nossa vida ao máximo? Podemos pegar alguns atalhos!

Em inglês, o termo para a palavra “atalho” é “shortcut“. No livro Smartcuts, o autor Shane Snow faz um trocadilho misturando as palavras “smart” (inteligente / esperto) e “shortcut“. Ou seja, atalhos inteligentes/espertos. Mas, o que viriam a ser esses tipos de atalhos? É justamente isso que você vai conferir hoje no resumo do livro.

Como se tornar presidente dos Estados Unidos?

Você quer se tornar presidente dos Estados Unidos? Ou talvez do Brasil? Afinal, estamos precisando de gente boa para comandar o nosso país, hehehe. Qualquer que seja a opção, qual é a primeira estratégia que surge na sua cabeça? Muito provavelmente, você pensará: tenho que começar de baixo, virando vereador, depois prefeito, governador, deputado, senador e aí, quem sabe, eu tenho uma chance de virar presidente. Eu pelo menos pensava assim.

Porém, se analisarmos as estatísticas dos presidentes e senadores dos Estados Unidos (acredito que no Brasil a estatística deve ser bem semelhante), temos os seguintes números: a média de idade dos presidentes ao assumirem o mandato é de 55 anos e a média de idade dos senadores é de 62 anos. Como assim? Se você tem que subir naturalmente a escada para virar presidente, como pode a média de idade dos presidentes ser menor que a média de idade dos senadores? Deveria ser ao contrário, não?

Pois bem, em toda a história da democracia nos Estados Unidos, somente quatro presidentes subiram as escadas do poder. O presidente que subiu as escadas por mais tempo (Andrew Johnson), passou por todos os cargos possíveis antes de virar presidente. E qual foi o resultado? Ele foi um dos piores presidentes de todos os tempos e o primeiro a sofrer impeachment nos Estados Unidos!

Agora você deve estar perguntando: se não é subindo as escadas que se vira presidente, como é então? Respondo: subindo as escadas! Porém, não somente uma escada, mas sim, várias escadas! Ao invés de subir as escadas do poder desde lá de baixo, você deve subir outras escadas e entrar no meio da escada governamental, entendeu?

Veja alguns exemplos de subidas à presidência dos Estados Unidos onde os presidentes utilizaram várias escadas:

George W. Bush: Empresário => Governador => Presidente
Abraham Lincoln: “Deputado” => Senador => Procurador Público => Presidente
Ronald Reagan: Ator => Governador => Presidente

Vejam nos exemplos acima que eles não começaram lá de baixo na escada do poder. Eles se destacaram em outras escadas (Ronald Reagan como ator e George W. Bush como empresário, por exemplo) e conseguiram entrar no meio da escada governamental. Entendeu a diferença?

Aprendendo com os erros dos outros

Em um dos capítulos do livro, o autor conta a história de um time de médicos que tinham que aprender um novo método para ponte de safena. De acordo com as estatísticas desse time, quem acertava o novo procedimento, tinha a tendência de continuar acertando. Por outro lado, quem errava, tinha a tendência de continuar errando.

Porém, o que eles descobriram foi que, quando os médicos assistiam outros médicos errando na aplicação do novo procedimento, esses médicos tendiam a melhorar a sua performance. Ou seja, assistir os erros dos outros faz com que a nossa própria taxa de erros diminua. Outro fato interessante apontado pelas estatísticas desse estudo é que, quando os médicos assistiam outros médicos acertando o procedimento, não fazia diferença alguma.

O fato é que, quando nós erramos, tentamos colocar a culpa em outra pessoa. Quando acertamos, dizemos que o mérito do sucesso foi todo nosso. Quando vemos alguém acertar, achamos que foi pura sorte. E, finalmente, quando vemos alguém errar, nós jogamos a culpa na pessoa que errou (“nossa, como essa pessoa conseguiu fazer essa cagada?“).

Portanto, da próxima vez que você ver alguém errar, ao invés de jogar totalmente a culpa nela, tente aprender com ela, OK?

Aprendendo com os mestres

Outro ponto muito interessante apontado nesse livro é que, normalmente, pessoas de sucesso se inspiram em outras pessoas de sucesso. Ou seja, elas tentam constantemente aprender coisas novas com outras pessoas de sucesso.

Esse aprendizado pode ser feito de diversas formas, sendo a mais óbvia delas o “mentoring“. Porém, o que pouca gente sabe é que o simples fato de lermos a biografia de pessoas de sucesso nos ajuda a sermos mais bem-sucedidos também.

Por que o sistema de ensino na Finlândia é tão bom?

Não sei se você sabe, mas, o sistema de ensino da Finlândia é um dos melhores do mundo. Porém, ele nem sempre teve uma qualidade tão alta assim. O que levou, então, a Finlândia a transformar o seu sistema, tornando-o um dos melhores do mundo?

Simples! Primeiramente, ela focou o seu currículo em resolução de problemas. Ao invés de ficar ensinando um monte de baboseiras que nunca iremos utilizar na nossa vida, a Finlândia resolveu focar o currículo em coisas que serão úteis no futuro de todos os alunos. Além disso, ao contrário do que vemos no Brasil, onde o currículo é tão extenso que só aprendemos superficialmente sobre uma imensidão de tópicos, na Finlândia eles resolveram ensinar poucos tópicos (os mais importantes), porém, indo a fundo em cada um deles.

Para finalizar, a Finlândia resolveu contratar somente professores com formações acima da média (todos os professores têm mestrado) e deram melhores condições para os professores, o que tornou a profissão mais atrativa, o que, por consequência, atraiu ainda mais profissionais super-qualificados.

Bem que podiam implantar algumas mudanças assim no Brasil, não é mesmo?

Give, give, give

Outro ponto comum que o autor encontrou em pessoas de sucesso foi o fato que elas dão sem esperar algo em troca. O simples fato de você compartilhar o seu conhecimento com outras pessoas faz com que a percepção delas sobre você aumente exponencialmente. Se você tem a oportunidade de ajudar alguém, por que não fazer? Você não tem absolutamente nada a perder. Já diz o ditado “é dando que se recebe“.

O mesmo vale para conexões. Quando você conecta uma pessoa com outra (ou indica alguma pessoa para outra), o seu relacionamento com ambas as pessoas se multiplica. Garanto que, quando você precisar de uma dessas pessoas, elas estarão muito mais propícias a te ajudar.

Economize neurônios: simplifique a sua vida

Pessoas bem-sucedidas normalmente simplificam o seu dia-a-dia. Elas economizam os seus neurônios para coisas que realmente são importantes.

Ficar perdendo tempo escolhendo qual roupa vestir todos os dias? De acordo com algumas pessoas bem-sucedidas, isso é perda de tempo. Por exemplo, toda vez que você vê o Mark Zuckerberg em público, ele provavelmente estará vestindo aquela mesma camiseta cinza de sempre.

Não estou dizendo que você tem que levar tão ao extremo assim, mas, pelo menos você pode se organizar e escolher as suas roupas com antecedência. Além disso, doe aquelas peças de roupa que você não usa faz um bom tempo. Cada alternativa a mais que você tem, são mais neurônios que você gasta.

Inovações disruptivas

Não é só simplificando os seus dias que as pessoas bem-sucedidas alcançam tanto sucesso, mas também, simplificando ideias.

Por exemplo, um problema muito grave em países subdesenvolvidos é que muitos bebês prematuros morrem por falta de incubadoras. As incubadoras são muito caras, chegando a custar entre 20 e 30 mil dólares cada uma. Qual seria a primeira coisa que pensaríamos para tentar resolver esse problema? Provavelmente pensaríamos em maneiras de produzir incubadoras mais baratas, não é mesmo? Porém, por mais que tentemos simplificar o projeto das incubadoras, elas certamente continuarão sendo bem caras.

Para aplicar o conceito de inovação disruptiva nesse caso, temos que pensar “fora da caixa“. Não temos que tentar produzir uma incubadora mais barata, mas sim, temos que pensar em uma maneira de substituir a incubadora por algo extremamente mais barato. Foi o que fez a pesquisadora Jane Chen, que descobriu que, na verdade, os bebês não precisam de todo o monitoramento e aparelhos sofisticados presentes em uma incubadora (esses são luxos que os países desenvolvidos podem pagar, mas, que são completamente desnecessários em países de terceiro mundo). O que os bebês prematuros precisam mesmo é ficar quentinhos o tempo todo.

Pensando nisso, essa pesquisadora desenvolveu tipo um saco com um aquecedor que custava, no total, 25 dólares cada unidade. Até setembro de 2013 ela tinha conseguido salvar a vida de 29 mil bebês utilizando essa sua invenção.

Entendeu agora o que é inovação disruptiva? São inovações que surgem quando pesquisamos e tentamos simplificar ao máximo. Sempre o mais simples ganha do mais complicado, porque ele reduz custos, tempo ou dinheiro. Portanto, quando for pensar na sua próxima solução, pense simples.

Concluindo: os 9 princípios de Smartcuts

Para finalizar, vou listar os 9 princípios apresentados no livro Smartcuts:

Hacking the ladder: tente andar “de lado” nas escadas da vida, pulando de uma escada para outra (e não tentando subir uma escada gigante até o final – lembra do exemplo dos presidentes dos Estados Unidos?)
Training with masters: é importante que você ache mentores na sua vida, nem que seja lendo biografias de pessoas bem-sucedidas
Rapid feedback: busque receber feedback todos os dias para ajustar o seu rumo
Platforms: crie “plataformas” para te ajudar no seu caminho para o sucesso
Catching the waves: esteja atento ao “mar” (no nosso caso, estar atento ao “mercado“) para saber quando uma nova onda está se formando
Superconnecting: conecte pessoas e, com certeza, você fortalecerá ainda mais as suas amizades
Momentum: uma vez que você encontrou a nova onda no “mar“, comece a surfar no tempo certo e não abandone a onda no meio do caminho
Simplicity: elimine o que não é necessário na sua vida e foque no que realmente é importante, sempre criando soluções simples
10x thinking: pense grande ao definir os seus objetivos de vida. Nos seus projetos, pense em coisas que trarão melhorias de 10x ao processo (e não melhorias de 10% como a maioria das pessoas tenta fazer)

Sem sombra de dúvidas, na minha opinião, o livro Smartcuts é uma ótima leitura. Se você se interessar, ele está disponível nas mais diversas livrarias do país. Além disso, ele também está disponível para compra na Amazon. Recomendo! E, caso você se interesse, baixe o meu “resumo em tópicos” do livro Smartcuts.

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Até a próxima!

André Lima

Image by Seppo Vuolteenaho used under Creative Commons
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